Vamos começar com algo simples, que o leitor já está familiarizado, apresentando uma alternativa de tecnologia para servir modelos.
Para estes exemplos, vamos utilizar um servidor de modelos chamado MLServer. Trata-se de um projeto open source que torna a tarefa de servir modelos um pouco mais simples do que temos feito até agora. Ele segue o modelo de uma API, que é o que fizemos nas Seções 2.2, 3.3 e os capítulos 6 e 7. Portanto, ele não serve, a princípio, para tarefas offline ou para um modelo baseado em eventos como os demais exemplos que fizemos. Mas considerando que APIs são a forma mais comum para servir modelos, podemos dizer que ele atende bem a uma grande variedade de cenários. Em resumo, o MLServer vai substituir o que fizemos com Flask e gunicorn nas referidas seções.
Antes de entrar no código e colocar a mão na massa, é importante destacar alguns aspectos. Primeiro, o MLServer pode sim substituir o Flask, ou FastAPI, com gunicorn e nginx. Sua principal vantagem, como você verá, é a simplicidade. Ele exige menos código. O MLServer também traz uma alternativa ao HTTP, que é o grpc, um formato e protocolo mais eficientes e que facilita a escrita de clientes, em comparação com uso de REST e JSON. Ao utilizar MLServer, você terá as duas opções de conexão, automaticamente.
Outra vantagem grande de utilizar um servidor de modelos é que você pode manter, em um único servidor, uma grande quantidade de modelos. Assim, ao invés de criar uma imagem para cada modelo, que vai ocupar uma máquina virtual (ou um nó de um cluster), é possível compartilhar recursos, o que pode ser essencial caso a quantidade de modelos em produção seja muito grande.
Existem algumas desvantagens. A arquitetura WSGI com nginx que vimos aqui é mais robusta e preparada para uma carga maior de acessos. Além disso, seguindo por esse caminho e construindo uma API a partir do zero, temos total controle sobre os endpoints. Podemos escolher o formato das mensagens, a arquitetura de execução, acrescentar endpoints customizados, entre outros exemplos. Caso o projeto exija esse tipo de detalhe, a funcionalidade padrão do MLServer pode ser insuficiente.
Mas podemos seguramente dizer que, caso seu projeto possa ser atendido pelo que o MLServer oferece, é uma opção muito atraente e simples de utilizar, além de ter a vantagem de possibilitar a hospedagem de múltiplos modelos em um único local. Vamos lá ver como funciona?
8.2.1 Subindo um primeiro modelo
Vamos retomar o exemplo do classificador de produtos. Comece fazendo novamente o download dos dois arquivos a seguir. São os mesmos que já utilizamos na Secão 2.1:
produtos.csv - conjunto de dados anotado contendo produtos e sua classificação. Existem quatro categorias de produtos neste conjunto: game, maquiagem, brinquedo e livro
produtos.ipynb - notebook com a solução para classificação de produtos
Crie um ambiente virtual e uma pasta chamada notebooks para abrir o notebook (instale jupyter notebook nesse ambiente), tente executá-lo para certificar-se que está tudo funcionando, antes de seguir adiante.
O MLServer consegue servir modelos com base em diferentes tecnologias, incluindo Scikit-Learn, XGBoost, HuggingFace, entre outros. Como nosso modelo de classificação de produtos é baseado no Scikit-learn, ele é compatível com o MLServer.
O processo depende da existência de uma função chamada predict, que deve existir no modelo salvo. Além disso, deve existir um único objeto, que deve ser salvo utilizando a biblioteca joblib. O joblib é equivalente ao pickle, que utilizamos até agora, com algumas diferenças no desempenho em casos específicos. O leitor pode pesquisar caso queira saber mais. Aqui, basta saber que o MLServer é compatível com o joblib, e que vamos utilizá-lo exatamente da mesma forma que o pickle.
Porém, há um aspecto importante a ser considerado. Nosso notebook utiliza dois objetos do scikit-learn. Como nosso modelo serve para processamento de texto, é necessário um pré-processamento, para converter texto (string) em uma representação vetorial. Veja lá, no notebook, como temos dois objetos: um CountVectorizer e um MultinomialNB.
Tanto o treinamento como a predição exigem que os dados brutos passem por esses dois estágios: o CountVectorizer transforma o texto em um vetor, e o MultinomialNB faz o aprendizado com base no vetor. No final do notebook (quando fazemos a predição de um exemplo), também é necessário que o processo passe pelos dois estágios. Confira lá no notebook, e também no código que utilizamos nas Seções 2.1 e 2.2. Veja como a predição passa pelos dois estágios.
Mas isso não foi um problema para nós até agora. Isso porque, como acabamos de mencionar no início desta seção, até agora tínhamos nosso próprio código, e portanto total controle sobre a execução. O que fizemos foi salvar os dois objetos em forma de um dicionário. Por ter o controle total, podíamos facilmente extrair os elementos do dicionário e aplicá-los na sequência. Veja lá, nas Seções 2.1 e 2.2.
Porém, agora estamos usando o MLServer, que espera um único objeto, que tenha uma função chamada predict. Ou seja, não temos mais o controle sobre a leitura e execução do modelo. Como fazer?
Para resolver o problema, podemos utilizar um pipeline do scikit-learn. Um pipeline encapsula vários componentes em um só. Assim, tanto o treinamento como a predição podem ser feitas em um único passo, exatamente como o MLServer espera. Então vamos modificar o notebook para utilizar um pipeline ao invés de componentes separados.
Vamos modificar as seguintes células:
from sklearn.feature_extraction.text import CountVectorizer+from sklearn.naive_bayes import MultinomialNBfrom sklearn.model_selection import train_test_split+from sklearn.pipeline import PipelineX_train,X_test,y_train,y_test = train_test_split( # Separação dos dados para teste e treino products_data["strings"], products_data["categoria"], test_size = 0.2, random_state = 10)+pipe = Pipeline([('vetorizador', CountVectorizer()), ("classificador", MultinomialNB())])-# CountVectorizer-vect = CountVectorizer()-vect.fit(products_data["strings"])-dataset = { - "X_train": vect.transform(X_train),- "X_test": vect.transform(X_test),- "y_train": y_train,- "y_test" : y_test,- "vect": vect-}
-input_message = ["Figura Transformers Prime War Deluxe - E9687 - Hasbro"]+input_message = ["Figura Transformers Prime War Deluxe - E9687 - Hasbro", "Senhor dos aneis", "Senhor dos anéis"]
Agora temos apenas um único objeto, chamado pipe, que já encapsula os dois componentes necessários: vetorizador e classificador. Execute o notebook e veja como continua funcionando da mesma forma (lembre-se que essa versão não traz a correção dos acentos que fizemos na Seção 7.5).
Podemos então seguir para o próximo passo, que é salvá-lo em disco. Modifique o seguinte trecho do notebook:
Após executar essa célula, o arquivo com o pipeline será salvo e podemos seguir adiante.
Para subir o MLServer, vamos usar Docker. Poderíamos rodar normalmente na máquina local, mas com Docker temos uma série de vantagens que o leitor já deve estar familiarizado. Uma delas é a compatibilidade. O MLServer não funciona no Windows, por exemplo, por uma limitação do Python nesse sistema operacional que não foi contornada pelos desenvolvedores.
Crie uma nova pasta, chamada MLServer. Em seguida, copie o arquivo classificador-produtos-1.0.joblib para essa pasta.
Acrescente um arquivo chamado requirements.txt, com o seguinte conteúdo (pode existir versões mais novas no momento da leitura):
mlserver==1.3.2
mlserver-sklearn==1.3.2
Crie também um arquivo chamado settings.json. Trata-se de um arquivo de configurações utilizado pelo MLServer. Vamos fazer uma configuração mínima:
{"debug":"true"}
Crie também um arquivo chamado model-settings.json. É um arquivo de configuração de um modelo. O conteúdo é o seguinte:
Veja como esse arquivo define um nome para o modelo e uma implementação, que neste caso é o scikit-learn. Há dois parâmetros: a uri, que aponta para o arquivo com o modelo, e a versão, que no caso é 1.0.
Isso é tudo que o MLServer precisa para servir nosso modelo. Vamos construir agora uma imagem e subir o contêiner. Crie um arquivo chamado Dockerfile:
Novamente, não há muita coisa aqui. Estamos pedindo para que o Docker construa a imagem com base no diretório atual (que contém um Dockerfile), e que, ao executar, o contêiner tenha a porta 8080 mapeada para e mesma porta do host. É a porta padrão do MLServer.
Vamos executar e ver o resultado (o parâmetro --build instrui o docker compose a sempre reconstruir a imagem, caso necessário):
dockercomposeup--build
O resultado que será exibido no terminal é interessante:
PSC:\Users\dlucr\PythonProjects\MLServer>dockercomposeup--build[+] Building 1.2s (10/10) FINISHED=> [internal] load build definition from Dockerfile 0.0s=> =>transferringdockerfile:32B0.0s=> [internal] load .dockerignore 0.0s=> =>transferringcontext:2B0.0s=> [internal] load metadata for docker.io/library/python:3.10.4 1.1s => [internal] load build context 0.0s=> =>transferringcontext:281B0.0s=> [1/5] FROM docker.io/library/python:3.10.4@sha256:85f504ba9cad91a6 0.0s => =>resolvedocker.io/library/python:3.10.4@sha256:85f504ba9cad91a60.0s=> CACHED [2/5] WORKDIR /usr/src/app 0.0s => CACHED [3/5] COPY requirements.txt ./ 0.0s => CACHED [4/5] RUN pip install --no-cache-dir -r requirements.txt 0.0s => CACHED [5/5] COPY .. 0.0s => exportingtoimage0.0s=> =>exportinglayers0.0s=> =>writingimagesha256:d519f28c41def1385577c6caf2dd3154e8c1a1f88d0.0s=> =>namingtodocker.io/library/MLServer_MLServer0.0sUse'docker scan'torunSnyktestsagainstimagestofindvulnerabilitiesandlearnhowtofixthem[+] Running 1/0-ContainerMLServer-MLServer-1Cr...0.0sAttachingtoMLServer-MLServer-1MLServer-MLServer-1 | 2022-05-13 13:10:24,773 [MLServer] WARNING - Model name 'classificador-produtos' is different than model's folder name '.'.
MLServer-MLServer-1 | /usr/local/lib/python3.10/site-packages/sklearn/base.py:329: UserWarning: Trying to unpickle estimator CountVectorizer from version 1.0.2 when using version 1.1.0. This might lead to breaking code or invalid results. Use at your own risk. For more info please refer to:
MLServer-MLServer-1 | https://scikit-learn.org/stable/modules/model_persistence.html#security-maintainability-limitations
MLServer-MLServer-1|warnings.warn(MLServer-MLServer-1 | /usr/local/lib/python3.10/site-packages/sklearn/base.py:329: UserWarning: Trying to unpickle estimator MultinomialNB from version 1.0.2 when using version 1.1.0. This might lead to breaking code or invalid results. Use at your own risk. For more info please refer to:
MLServer-MLServer-1 | https://scikit-learn.org/stable/modules/model_persistence.html#security-maintainability-limitations
MLServer-MLServer-1 | https://scikit-learn.org/stable/modules/model_persistence.html#security-maintainability-limitations
MLServer-MLServer-1 | warnings.warn(MLServer-MLServer-1 | 2022-05-13 13:10:24,892 [MLServer] INFO - Loaded model 'classificador-produtos' succesfully.MLServer-MLServer-1 | INFO: Started server process [1]
MLServer-MLServer-1|INFO:Waitingforapplicationstartup.MLServer-MLServer-1|INFO:Applicationstartupcomplete.MLServer-MLServer-1|2022-05-1313:10:24,914 [MLServer.grpc] INFO - gRPC server running on http://0.0.0.0:8081MLServer-MLServer-1|INFO:Uvicornrunningonhttp://0.0.0.0:8080 (Press CTRL+Ctoquit)
Veja como a imagem é construída, os pacotes Python são instalados (no caso, MLServer e seu suporte ao sklearn). No final, veja como são iniciados dois servidores: um gRPC server (que iremos testar daqui a pouco), e o Uvicorn. Trata-se de um servidor similar ao gunicorn, que já utilizamos, mas que utiliza o padrão ASGI ao invés de WSGI. Não falamos de ASGI antes, apenas WSGI, e agora é um bom momento para o leitor se aprofundar no assunto, lendo sua documentação. Mas em resumo, ASGI é o sucessor do WSGI, trazendo maior desempenho e escalabilidade. Para o cliente, nada muda, portanto podemos utilizar da mesma forma que antes.
O padrão de comunicação que o MLServer utiliza chama-se "V2 Inference Protocol". Foi desenvolvido pela Seldon, principal empresa por trás do MLServer, junto com o projeto NVIDIA Triton Server e o KServe Project. Acesse a documentação para se familiar com o formato.
Por exemplo, a documentação lista que existe uma requisição para teste de saúde do servidor, com o seguinte formato:
GET ${ADDRESS:PORT}/v2/models/${MODEL_NAME}[/versions/${MODEL_VERSION}]/ready
A primeira parte interessante dessa requisição é a URL para onde a enviamos. Após o endereço e porta, temos a string v2, que indica que estamos utilizando o protocolo V2 mencionado acima. Em seguida, temos a string models, que indica que vamos consultar algo de um modelo específico. O nome do modelo vem em seguida. Caso estejamos controlando versões (e neste exemplo estamos), em seguida vem a indicação da versão em particular que estamos interessados.
No nosso exemplo, faça a seguinte requisição:
GET http://localhost:8080/v2/models/classificador-produtos/versions/1.0/ready
O resultado deve ser uma resposta HTTP com código 200, o que significa que nosso servidor está encontrando o modelo corretamente. Isso pode ser facilmente incorporado a um servidor de monitoramento, como o Nagios, que vimos no Capítulo 4, para detectar problemas com nosso modelo.
Mas vamos agora testar a inferência. O padrão de requisição é o mesmo, exceto pelo final, que tem a string infer ao invés de ready, e pelo fato de que agora temos que usar POST e não GET:
POST http://localhost:8080/v2/models/classificador-produtos/versions/1.0/infer
Content-Type: application/json
{
"inputs": [
{
"name": "predict",
"shape": [3],
"datatype": "BYTES",
"data": [ "Soldados de plástico", "Senhor dos aneis", "Senhor dos anéis" ]
}
]
}
Veja como estamos enviando um objeto JSON. Novamente, é o protocolo V2 que define quais são os formatos de entrada e saída esperados (não deixe de ler a documentação!). A entrada é uma lista chamada inputs. Cada input deve ter quatro valores, ao menos:
name: um nome para a entrada;
shape: o formato da entrada (quantidade de registros e features, ou linhas e colunas na matriz de dados). Neste caso, vamos testar com 3 registros, portanto o shape é [3], o que representa um array unidimensional com 3 entradas;
datatype: o tipo de dados sendo enviado, que deve ser escolhido entre os diferentes tipos suportados. Neste caso, estamos enviando cadeias, portanto devemos especificar o tipo BYTES; e
data: os dados propriamente ditos, no caso um array com 3 strings.
A resposta enviada pelo MLServer também segue o padrão V2. Veja o exemplo gerado:
Após o cabeçalho com código 200, vem o conteúdo da resposta. O MLServer nos devolve o nome e versão do modelo, um identificador, que pode ter sido especificado na requisição e que nos é devolvido. Neste caso, como não especificamos nenhum, é gerado automaticamente. Os parâmetros, caso existam (neste caso não utilizamos), também são devolvidos. E por fim vem a saída (outputs). A saída tem um nome (no caso, predict, que foi a operação executada), além do shape, tipo e parâmetros, seguido pelos dados gerados (data). Este último tem o resultado da predição, que no caso são as categorias dos produtos enviadas.
Compare o que fizemos aqui com o que fizemos nas Seções 2.2 e 3.3. O resultado é praticamente o mesmo, exceto pelo fato de que não precisamos codificar nada. Novamente, temos menos controle sobre a execução, mas ganhamos pelo lado da facilidade de codificação.
8.2.2 Crindo uma solução mais robusta usando nginx, e um cliente REST em Javascript
Nós já fizemos uma discussão interessante sobre o uso do nginx (ou outro servidor web), que serve como uma camada a mais de proteção para o servidor Python. Tudo o que dissemos lá atrás, na Seção 3.3, continua valendo. Então vamos adaptar tudo o que fizemos para essa nova versão. Vamos fazer a versão com dois contêineres, pois agora que já passamos pelo Capítulo 5, já podemos utilizar docker compose para facilitar essa configuração.
Primeiro, vamos fazer uma cópia do arquivo cadastro.html que criamos lá atrás. Salve-o em uma pasta chamada webclient, dentro do diretório atual (dentro da pasta MLServer que criamos agora há pouco). O conteúdo é o seguinte (copiado diretamente da Seção 3.3):
<!DOCTYPEhtml><html><head><!--Import Google Icon Font--> <linkhref="https://fonts.googleapis.com/icon?family=Material+Icons"rel="stylesheet"><!-- Compiled and minified CSS --> <linkrel="stylesheet"href="https://cdnjs.cloudflare.com/ajax/libs/materialize/1.0.0/css/materialize.min.css"><!--Let browser know website is optimized for mobile--> <metaname="viewport"content="width=device-width, initial-scale=1.0" /> <metacharset="UTF-8"></head><body> <nav> <divclass="nav-wrapper"> <ahref="#"class="brand-logo">Meu e-commerce</a> <ulid="nav-mobile"class="right hide-on-med-and-down"> <li><ahref="#">Olá, Vendedor</a></li> <li><ahref="#"><iclass="material-icons">exit_to_app</i></a></li> </ul> </div> </nav> <divclass="container"> <form> <divclass="section no-pad-bot"id="index-banner"> <divclass="container"> <br><br> <h3class="header center">Cadastro de produto</h3> <br><br> </div> </div> <divclass="container"> <divclass="input-field"> <inputplaceholder="Título"id="titulo"type="text"class="validate"> <labelfor="titulo">Título</label> </div> <divclass="input-field"> <textarea placeholder="Descrição" id="descricao" class="materialize-textarea" onfocusout="buscarCategoria()"></textarea>
<labelfor=" descricao ">Descrição</label> </div> <divclass="input-field "> <inputplaceholder="Categoria"id="categoria"type="text"class="validate"> <labelfor="categoria ">Categoria</label> </div> </div> <divclass="container "> <buttonclass="btn waves-effect waves-light "type="submit "name="action ">Enviar <iclass="material-icons right ">send</i> </button> </div> </form> </div><!--JavaScript at end of body for optimized loading--><!-- Compiled and minified JavaScript --> <scriptsrc="https://cdnjs.cloudflare.com/ajax/libs/materialize/1.0.0/js/materialize.min.js "></script> <script>functionbuscarCategoria() {// Primeiro vamos construir um objeto JSON para enviar para a API// O objeto tem um campo "descricao", cujo conteúdo vem do formulário,// sendo obtido do "input" cujo "id" é "descricao" (procure-o no HTML)let data = {"descricao":document.getElementById("descricao").value };// Em seguida, vamos enviar uma requisição// Note como o endereço aponta para o servidor localfetch("http://127.0.0.1:5000/predizer_categoria", {// Vamos usar método POST method:"POST",// Estamos enviando um JSON headers: {'Content-Type':'application/json' },// Aqui vai o conteúdo, que é o objeto JSON convertido para// string (lembre-se, um HTTP Request é uma string) body:JSON.stringify(data) }).then(res => {// Essa função "then" é chamada assim que o serviço responderres.json().then(function(json) {// Vamos converter o resultado para JSON e salvar// a categoria no formulário, no "input" cujo "id" é "categoria"document.getElementById("categoria").value =json.categoria;// E pronto! }) }); } </script></body></html>
As alterações que faremos são as seguintes, todas dentro de buscarCategoria(), que é a função que faz a requisição e trata a resposta:
function buscarCategoria() { // Primeiro vamos construir um objeto JSON para enviar para a API // O objeto tem um campo "descricao", cujo conteúdo vem do formulário, // sendo obtido do "input" cujo "id" é "descricao" (procure-o no HTML)- let data = {- "descricao": document.getElementById("descricao").value- };+ let data = {+ "inputs": [+ {+ "name": "predict",+ "shape": [1],+ "datatype": "BYTES",+ "data": [ document.getElementById("descricao").value ]+ }+ ]+ } // Em seguida, vamos enviar uma requisição- // Note como o endereço aponta para o servidor local+ // Note como o endereço aponta para um caminho relativo+ // que será resolvido pelo nginx.+ // mlapi é o prefixo que escolhemos para o MLServer- fetch("http://127.0.0.1:5000/predizer_categoria", {+ fetch("/mlapi/v2/models/classificador-produtos/versions/1.0/infer", { // Vamos usar método POST method: "POST", // Estamos enviando um JSON headers: { 'Content-Type': 'application/json' }, // Aqui vai o conteúdo, que é o objeto JSON convertido para // string (lembre-se, um HTTP Request é uma string) body: JSON.stringify(data) }).then(res => { // Essa função "then" é chamada assim que o serviço responder res.json().then(function(json) { // Vamos converter o resultado para JSON e salvar // a categoria no formulário, no "input" cujo "id" é "categoria"- document.getElementById("categoria").value = json.categoria;+ document.getElementById("categoria").value = json.outputs[0].data[0]; // E pronto! }) });}
Em seguida, renomeie o arquivo Dockerfile para Dockerfile-mlserver, e acrescente uma linha:
Note como estamos redirecionando as requisições que chegam para URLs que começam com /mlapi para o MLServer.
Veja como também agora mudou a estrutura da entrada e saída da requisição. Localize no código javascript esses trechos e compare com as requisições que fizemos manualmente antes.
Agora basta subir tudo. Modifique o arquivo compose.yaml para codificar a nova infraestrutura:
Abra o navegador no endereço http://localhost/cadastro.html e veja como agora temos nosso novo servidor respondendo às requisições do cliente Javascript.
8.2.3 Adicionando uma nova versão do modelo
Vamos ver como é possível acrescentar uma nova versão, de modo que seja possível alternar facilmente entre as duas ao se utilizar o MLServer.
Primeiro, vamos abrir o notebook original e acrescentar uma modificação. Pode ser o ajuste feito no Capítulo 7, para desprezar acentos durante o treinamento.
import pandas as pdimport nltkfrom nltk.corpus import stopwords+from unidecode import unidecodenltk.download('stopwords')products_data = pd.read_csv("produtos.csv", delimiter=';', encoding='utf-8')# concatenando as colunas nome e descricaoproducts_data['informacao'] = products_data['nome'] + products_data['descricao']# excluindo linhas com valor de informacao ou categoria NaNproducts_data.dropna(subset=['informacao', 'categoria'], inplace=True)products_data.drop(columns=['nome', 'descricao'], inplace=True)stop_words=set(stopwords.words("portuguese"))# transforma a string em caixa baixa e remove stopwords-products_data['sem_stopwords'] = products_data['informacao'].str.lower().apply(lambda x: ' '.join([word for word in x.split() if word not in (stop_words)]))
+products_data['sem_stopwords'] = products_data['informacao'].str.lower().apply(lambda x: ' '.join([unidecode(word) for word in x.split() if word not in (stop_words)]))
tokenizer = nltk.RegexpTokenizer(r"\w+")products_data['tokens'] = products_data['sem_stopwords'].apply(tokenizer.tokenize) # aplica o regex tokenizerproducts_data.drop(columns=['sem_stopwords','informacao'],inplace=True) # Exclui as colunas antigasproducts_data["strings"]= products_data["tokens"].str.join(" ") # reunindo cada elemento da listaproducts_data.head()
Após executar o notebook (e verificar que agora a predição acerta nos livros com e sem acento), copie o novo arquivo gerado para a pasta do projeto. Mas vamos ter que modificar a estrutura de diretórios um pouco:
De volta à pasta MLServer, crie uma pasta chamada "models". Dentro dessa pasta, crie outra, chamada "classificador-produtos". E dentro desta, crie duas pastas, uma chamada "1.0" e outra "1.1". Copie os arquivos ".joblib" para suas respectivas pastas. Por fim, mova o arquivo "model-settings.json" para uma delas, e faça uma cópia para a outra versão. O resultado final deve ter a seguinte estrutura:
Cada versão do arquivo "model-settings.json" deve ter seu respectivo conteúdo, assim:
Essa é apenas uma das formas de se configurar múltiplas versões. A vantagem é que a estrutura de diretórios claramente indica quais versões estão disponíveis.
Agora execute novamente o projeto:
dockercomposeup--build
Faça os testes e veja que as duas versões estão disponíveis:
Ao fazer uma requisição para a versão 1.0 (note a URL), o resultado é "brinquedo" (versão antiga):
Já na versão 1.1 (note a URL), o resultado é "livro" (versão nova):
Dessa forma, podemos manter múltiplas versões ao mesmo tempo, facilitando testes, possibilitando que os clientes escolham qual a melhor para cada caso, entre outras vantagens.
8.2.4 Adicionando mais modelos
Uma das grandes vantagens de se utilizar um único servidor de modelos é a possibilidade de hospedar múltiplos modelos em um único servidor. Talvez essa funcionalidade não seja tão importante em uma equipe ou empresa pequena, onde exista apenas um ou dois modelos. Neste caso, criar um contêiner dedicado para cada solução pode ser suficiente e até mais flexível, oferecendo maior controle às equipes para definir exatamente como hospedar cada um, definindo ajustes especializados e realizando o monitoramento individual. Mas imagine uma empresa onde existem centenas ou milhares de modelos sendo utilizados. Criar um servidor dedicado para cada modelo é inviável.
Com um servidor único de modelos, pode ser necessário alocar mais recursos, como memória, armazenamento e processamento. Mas a manutenção do ambiente, e até mesmo seu monitoramento, torna-se uma tarefa muito mais gerenciável.
O MLServer oferece essa possibilidade. Já vimos como armazenar múltiplas versões de um mesmo modelo, criando uma estrutura de pastas onde cada versão tem seus próprios parâmetros e seu próprio conjunto de configurações. Para hospedar múltiplos modelos, o caminho é o mesmo. Basta acrescentar mais um conjunto pasta/arquivo de configuração, e o MLServer estará apto a receber requisições para esse modelo. O único requisito é que o motor de inferência (inference runtime) esteja instalado e disponível.
Já temos o motor do scikit learn instalado, então vamos adicionar mais um modelo desse motor ao MLServer. Vamos utilizar o famoso exemplo Iris Dataset do Scikit-learn. No ambiente virtual chamado notebooks, onde rodamos o notebook anterior, crie um notebook com o seguinte conteúdo, que cria uma série de modelos de classificação do scikit learn:
Importando os pacotes necessários, carregando o dataset e criando os conjuntos de treino e teste:
import numpy as np
from sklearn import datasets
from sklearn.metrics import accuracy_score
import joblib
iris = datasets.load_iris()
x = iris.data
y = iris.target
y_names = iris.target_names
np.random.seed(26322)
test_ids = np.random.permutation(len(x))
x_train = x[test_ids[:-10]]
x_test = x[test_ids[-10:]]
y_train = y[test_ids[:-10]]
y_test = y[test_ids[-10:]]
Agora vamos treinar vários modelos. Veja como estamos salvando cada um em um arquivo, usando a biblioteca joblib:
Árvore de decisão:
from sklearn import tree
dtc = tree.DecisionTreeClassifier()
dtc.fit(x_train, y_train)
pred = dtc.predict(x_test)
print(pred)
print(y_test)
print((accuracy_score(pred, y_test))*100)
joblib.dump(dtc, "iris_dtc_1.0.joblib")
Naive Bayes:
from sklearn.naive_bayes import GaussianNB
gnb = GaussianNB()
gnb.fit(x_train, y_train)
pred = gnb.predict(x_test)
print(pred)
print(y_test)
print((accuracy_score(pred, y_test))*100)
joblib.dump(gnb, "iris_gnb_1.0.joblib")
LDA:
from sklearn.discriminant_analysis import LinearDiscriminantAnalysis
lda = LinearDiscriminantAnalysis()
lda.fit(x_train, y_train)
pred = lda.predict(x_test)
print(pred)
print(y_test)
print((accuracy_score(pred, y_test))*100)
joblib.dump(lda, "iris_lda_1.0.joblib")
QDA:
from sklearn.discriminant_analysis import QuadraticDiscriminantAnalysis
qda = QuadraticDiscriminantAnalysis()
qda.fit(x_train, y_train)
pred = qda.predict(x_test)
print(pred)
print(y_test)
print((accuracy_score(pred, y_test))*100)
joblib.dump(qda, "iris_qda_1.0.joblib")
KNN:
from sklearn.neighbors import KNeighborsClassifier
knc = KNeighborsClassifier(n_neighbors=5)
knc.fit(x_train, y_train)
pred = knc.predict(x_test)
print(pred)
print(y_test)
print((accuracy_score(pred, y_test))*100)
joblib.dump(knc, "iris_knc_1.0.joblib")
SVM:
from sklearn.svm import SVC
svc = SVC(kernel='linear')
svc.fit(x_train, y_train)
pred = svc.predict(x_test)
print(pred)
print(y_test)
print((accuracy_score(pred, y_test))*100)
joblib.dump(svc, "iris_svc_1.0.joblib")
Regressão logística:
from sklearn.linear_model import LogisticRegression
lr = LogisticRegression(solver='newton-cg')
lr.fit(x_train, y_train)
pred = lr.predict(x_test)
print(pred)
print(y_test)
print((accuracy_score(pred, y_test))*100)
joblib.dump(lr, "iris_lr_1.0.joblib")
Pronto, ao final da execução, devemos ter 7 modelos de classificação diferentes, cada um com suas próprias métricas de acurácia. Cada um será salvo em um arquivo joblib diferente. Copie para a pasta MLServer cada arquivo em um diretório diferente, na seguinte estrutura:
models/iris/XXX/1.0
Em cada pasta, crie um arquivo model-settings.json, seguindo o padrão:
Substituindo XXX pelo respectivo nome ou sigla do modelo, teremos 7 arquivos diferentes, em 7 diretórios diferentes, com 7 model-settings.json diferentes. O resultado final deve ficar parecido com o seguinte:
Agora basta rodar o servidor novamente e poderemos fazer os testes de predição nos modelos. Por exemplo, podemos testar o modelo DTC:
Para testar com outros modelos, basta substituir o nome do modelo na URL por outros, conforme definido nos respectivos arquivos model-settings.json. Por exemplo, para testar o modelo LDA, a URL é a seguinte:
POST http://localhost/mlapi/v2/models/iris-lda/versions/1.0/infer
Com isso, temos a possibilidade de utilizar vários modelos diferentes em um mesmo servidor. É possível inclusive trocar as versões individualmente. Por exemplo, suponha que decidimos aumentar o número de vizinhos no modelo KNN de 5 para 7. Modificando o código do notebook:
Veja como esse novo código salva o modelo em um outro arquivo, para a nova versão, que chamamos de 1.0.1 (a política de numeração de versões pode variar de equipe para equipe). Para que o MLServer passe a reconhecer essa nova versão, basta criar uma nova pasta para ela, copiar o arquivo para lá, criar um novo arquivo model-settings.json, configurando a URL e versão corretamente, e teremos o resultado desejado. A estrutura de diretórios deve ficar assim:
Ao reiniciar o servidor, passamos a ter uma alternativa de modelo para fazer requisições, bastando para isso utilizar a URL correspondente:
POST http://localhost/mlapi/v2/models/iris-knc/versions/1.0.1/infer
Lembrando que a versão antiga ainda está lá, caso queiramos mantê-la até decidir que a nova pode substituir completamente a antiga e que não há mais clientes dependendo dela.
8.2.5 Adicionando um modelo de um runtime diferente
O MLServer já possui suporte nativo para diferentes runtimes. Até agora, vimos o scikit learn, que utilizamos tanto de maneira simples como com um pipeline para processamento de língua natural. Mas o MLServer também tem suporte para outros, como XGBoost, LightGBM, entre outros.
Para esses casos, adicionar modelos para esses runtimes segue o mesmo processo, com algumas diferenças mínimas em termos de configuração do modelo e do formato de persistência do arquivo. Vamos ilustrar esse processo com o mesmo dataset, mas utilizando o LightGBM, seguindo o tutorial oficial do MLServer.
Crie um novo notebook na mesma pasta que os outros e adicione o seguinte código:
import sys
!{sys.executable} -m pip install lightgbm
import lightgbm as lgb
from sklearn.datasets import load_iris
from sklearn.model_selection import train_test_split
import os
model_dir = "."
BST_FILE = "iris-lightgbm-1.0.bst"
iris = load_iris()
y = iris['target']
X = iris['data']
X_train, X_test, y_train, y_test = train_test_split(X, y, test_size=0.1)
dtrain = lgb.Dataset(X_train, label=y_train)
params = {
'objective':'multiclass',
'metric':'softmax',
'num_class': 3
}
lgb_model = lgb.train(params=params, train_set=dtrain)
model_file = os.path.join(model_dir, BST_FILE)
lgb_model.save_model(model_file)
A diferença principal aqui, além do modelo, é que o salvamento em disco é feito pelo método save_model do LightGBM, ao invés do joblib.
Após executar, será salvo o arquivo iris-lightgbm-1.0.bst. Copie-o para a pasta MLServer, em models/iris/lightgbm/1.0/. Em seguida, crie o arquivo model-settings.json:
Além das configurações já conhecidas, como nome, URI e versão, veja como agora a implementação é diferente. Isso basta para que o MLServer saiba executar o modelo.
Já podemos testar, mas antes é necessário acrescentar esse módulo ao MLServer (instalamos apenas no ambiente do Jupyter, agora precisamos atualizar o ambiente do servidor). Modifique o arquivo requirements.txt:
Note que, o que estamos instalando não é apenas o LightGBM (como fizemos no ambiente Jupyter), e sim o módulo que implementa o runtime do LightGBM no MLServer, assim como fizemos com o scikit learn.
Agora, ao executar o comando: docker compose up --build, a imagem será reconstruída já com o novo módulo. Assim que o servidor estiver no ar, podemos testar com a nova URL:
O resultado, porém, é um pouco diferente, pois esse modelo retorna as probabilidades associadas a cada classe, sequenciamente. Como temos 3 classes possíveis, a leitura deve ser feita da seguinte maneira: probabilidade de ser classe 0, depois probabilidade de ser classe 1 e por fim probabilidade de ser classe 2. Nesse exemplo em particular (e com o treinamento realizado no momento da escrita desse livro), o resultado é o seguinte:
No caso, a probabilidade associada à classe 0 é a maior (aproximadamente 0.999... ou seja, quase 1), portanto essa é a classe que o modelo inferiu.
Mas o importante é notar como o MLServer nos dá a flexibilidade de servir diferentes modelos, construídos de formas diferentes, com pouca configuração necessária.
8.2.6 Adicionando um modelo de um runtime não suportado nativamente
A pergunta que naturalmente deve surgir na mente do leitor agora é a seguinte: e se eu tiver um modelo que não é nativamente suportado pelo MLServer? Além de ter formulado essa pergunta, o leitor mais dedicado já terá acessado a documentação oficial do MLServer e constatado, por exemplo, que o BERT, que utilizamos aqui no livro em alguns exemplos, não faz parte dos motores de inferência suportados pelo MLServer. Será que é possível utilizar o MLServer com outros modelos?
A resposta é sim: o MLServer é extensível, portanto podemos acrescentar nossos próprios motores de inferência, programando um conjunto de funções mínimas necessárias para o carregamento e a predição. Vamos fazer isso agora, mas vamos primeiro criar um runtime "fake", apenas para ilustrar o processo, e depois vamos fazer um para modelos BERT.
Para manter a estrutura da imagem organizada, vamos criar no projeto MLServer uma pasta chamada custom-runtimes. Nela vamos colocar todos os runtimes que queremos suportar. Crie dentro dessa pasta um arquivo chamado fake.py, com o seguinte conteúdo. Os comentários explicam o que o código faz:
from mlserver import MLModel, types
from mlserver.utils import get_model_uri
from mlserver.errors import InferenceError
import json
import random
# Um runtime é definido por uma classe que é filha da classe MLModel,
# que faz parte da API do MLServer
class FakeRuntime(MLModel):
# o método load é responsável por carregar o modelo do disco
# conforme especificado na URI
async def load(self) -> bool:
# primeiro vamos obter a localização do modelo
# o código a seguir recupera a URI especificada
# pelo usuário no arquivo model-settings.json
model_uri = await get_model_uri(self._settings)
# agora vamos carregar esse modelo. Neste exemplo fake,
# estamos esperando que venha um json
with open(model_uri) as model_file:
self._model = json.load(model_file)
# se tudo der certo, temos que dizer ao MLServer que
# o modelo está pronto para receber pedidos de
# inferência
self.ready = True
return self.ready
# o método predict é chamado a cada pedido de inferência
# o parâmetro payload contém o conteúdo da requisição, seguindo o formato
# do protocolo V2 para inferência: https://kserve.github.io/website/0.10/modelserving/data_plane/v2_protocol/
async def predict(self, payload: types.InferenceRequest) -> types.InferenceResponse:
# Nosso modelo espera que apenas um input seja fornecido. Caso
# seja fornecido 0 ou mais do que um, vamos retornar um erro para o cliente
if len(payload.inputs) != 1:
raise InferenceError(f"FakeRuntime supports a single input tensor ({len(payload.inputs)} were received)")
# Agora vamos ler o input (só deve existir um, depois da checagem acima)
singleInput = payload.inputs[0]
# A variável classes irá conter as classes determinadas pelo nosso modelo
classes = []
# O loop a seguir lê a entrada. Estamos esperando uma lista de strings
for txt in singleInput.data:
# Aqui é a parte "fake" do nosso modelo. Na verdade não estamos
# fazendo nada, apenas sorteando uma entre as possíveis classes
# especificadas no JSON do "modelo"
classes.append(random.choice(self._model['classes']))
# Por fim, vamos retornar uma resposta, também seguindo o protocolo
# de inferência V2: https://kserve.github.io/website/0.10/modelserving/data_plane/v2_protocol/
return types.InferenceResponse(
id=payload.id, # o id da requisição volta para a resposta
model_name=self.name, # o nome do modelo
model_version=self.version, # a versão do modelo
outputs=[types.ResponseOutput( # aqui começa a saída
name=self._model['output_name'], # o nome da saída também faz parte do json do modelo
shape=[len(classes)], # o shape da saída é simples. Um vetor unidimensional, cujo comprimento é o número de classes
datatype="BYTES", # o tipo da saída será string, que segundo o protocolo V2 deve ser especificado pelo tipo BYTES
data=classes) # por fim, vamos enviar as classes "previstas" (na verdade, randomicamente selecionadas)
]
)
Analise o código e tente compreender o que ele faz, antes de ler a explicação que se segue. Lembre-se, esse runtime irá dar suporte a qualquer quantidade de modelos compatíveis com ele, assim como o runtime do scikit learn dá suporte a qualquer quantidade de modelos compatíveis.
Um runtime é definido por dois métodos: load e predict. O primeiro é chamado uma única vez, assim que o MLServer sobe pela primeira vez. O último é chamado a cada requisição. No load devemos carregar o modelo do disco, seguindo um modelo predefinido. Assim como scikit learn usa joblib, e LightGBM usa bst.save_model(), podemos escolher o formato que quisermos. Neste exemplo, escolhemos JSON. Ao término da execução do load, devemos sinalizar ao MLServer que o carregamento foi bem sucedido, assim ele sabe que pode enviar pedidos de inferência para o modelo.
No predict fazemos a inferência. Neste exemplo, estamos apenas fazendo uma seleção aleatória, mas em um runtime de verdade é onde aplicaríamos a inferência real. Além disso, o predict é responsável por ler a entrada e produzir a saída. Em muitos aspectos, esse método é muito parecido com o que faz uma API HTTP, que no fundo segue o modelo requisição-resposta. A diferença principal é no formato da entrada e saída, que deve respeitar o que é definido no protocolo V2. Neste caso, estamos lendo um input, que tem uma lista de strings, e estamos produzindo um output, que é também uma lista de strings. Apesar de estarmos amarrados ao formato do V2, temos algumas liberdades. Por exemplo, não precisamos de fato utilizar o conteúdo dos parâmetros shape e datatype se não quisermos, podemos simplesmente assumir que os clientes estão utilizando sempre os mesmos e gerar um erro caso não estejam.
Para que esse runtime possa ser utilizado, é preciso apenas referenciá-lo corretamente a partir de algum arquivo model-settings.json. Mas para seguir o padrão dos demais runtimes, faça o seguinte. Na pasta custom-runtimes, crie um arquivo __init__.py, com o seguinte conteúdo":
from .fake import FakeRuntime
__all__ = ["FakeRuntime"]
O que esse código faz é remover o nome do arquivo fake.py da referência ao módulo custom-runtimes, tornando a configuração um pouco mais limpa e intuitiva.
Para ilustrar como funciona, vamos criar dois modelos "fakes". Um deles que detecta emoções, e um deles que prevê o futuro, respondendo com "sim", "não" e "talvez" a uma pergunta aleatória.
Crie uma pasta models/identificador-emocoes/1.0, e nela crie um arquivo chamado emocoes.json:
Veja como esse modelo utiliza o nosso runtime, por meio do parâmetro implementation. E veja como o arquivo emocoes.json é definido para ser carregado pelo runtime.
Para o outro modelo, crie uma pasta models/adivinhador-futuro/1.0, e nela crie um arquivo chamado respostas.json:
Veja como o formato da saída respeita o protocolo V2. E veja também como as emoções foram geradas dentro desse formato. O nome da resposta ("emocao") veio configurado a partir do "modelo", assim como as possíveis emoções. Experimente também fazer uma requisição sem nenhum input:
POST http://localhost/mlapi/v2/models/identificador-emocoes/versions/1.0/infer
Content-Type: application/json
{
"inputs": []
}
A resposta será:
HTTP/1.1 400 Bad Request
Server: nginx/1.21.6
Date: Mon, 16 May 2022 23:15:39 GMT
Content-Type: application/json
Content-Length: 70
Connection: close
{
"error": "FakeRuntime supports a single input tensor (0 were received)"
}
A mensagem que nós programamos aparecerá, indicando ao cliente que é obrigatório enviar um (e apenas um) input.
Você também pode experimentar modificando a lista de emoções possíveis. Recarregue o MLServer e veja como as emoções "identificadas" passarão a incluir as modificações.
Vamos agora testar o adivinhador do futuro:
POST http://localhost/mlapi/v2/models/adivinhador-futuro/versions/1.0/infer
Content-Type: application/json
{
"inputs": [
{
"name": "texto",
"shape": [1],
"datatype": "BYTES",
"data": ["Espelho, espelho meu, eu ficarei rico com Machine Learning?"]
}
]
}
Veja como o nome da resposta ("futuro") veio configurado a partir do nosso "modelo". E veja como nesse modelo, a resposta não é mais uma emoção, e sim uma resposta direta (neste caso, "sim", ficaremos ricos com Machine Learning!). Isso demonstra que o modelo é personalizável.
Também podemos utilizar outra abordagem para personalizar o modelo. Ao invés de utilizar um arquivo JSON para configurar quais classes queremos e qual o nome da resposta, podemos utilizar os parâmetros adicionais do model-settings.json. Assim deixamos o arquivo do modelo livre para o componente que de fato fará a predição.
Como no nosso caso não temos um modelo real, vamos substituir os arquivos emocoes.json e respostas.json por um arquivo JSON que tem uma semente para a aleatoriedade. Apague os arquivos emocoes.json e respostas.json e substitua cada um por um arquivo seed.json, com o seguinte conteúdo (pode usar o valor que quiser para seed, pois tanto faz):
{
"seed": 12345
}
Agora modifique o arquivo fake.py da seguinte forma:
from MLServer import MLModel, types
from MLServer.utils import get_model_uri
from MLServer.errors import InferenceError
import json
import random
# Um runtime é definido por uma classe que é filha da classe MLModel,
# que faz parte da API do MLServer
class FakeRuntime(MLModel):
# o método load é responsável por carregar o modelo do disco
# conforme especificado na URI
async def load(self) -> bool:
# primeiro vamos obter a localização do modelo
# o código a seguir recupera a URI especificada
# pelo usuário no arquivo model-settings.json
model_uri = await get_model_uri(self._settings)
+ # Vamos ler os parâmetros diretamente do model-settings.json
+ # Ao invés do arquivo JSON.
+ # A variável "extra" vai receber os parâmetros que quisermos
+ # colocar ao configurar o modelo. No caso, vamos usar para
+ # configurar o nome da saída e as classes para a "predição"
+ extra = self._settings.parameters.extra
+ self.output_name = extra['output_name']
+ self.classes = extra['classes']
# agora vamos carregar esse modelo. Neste exemplo fake,
# estamos esperando que venha um json
with open(model_uri) as model_file:
self._model = json.load(model_file)
+ # Vamos alimentar o componente aleatório com a semente lida
+ random.seed = self._model['seed']
# se tudo der certo, temos que dizer ao MLServer que
# o modelo está pronto para receber pedidos de
# inferência
self.ready = True
return self.ready
# o método predict é chamado a cada pedido de inferência
# o parâmetro payload contém o conteúdo da requisição, seguindo o formato
# do protocolo V2 para inferência: https://kserve.github.io/website/0.10/modelserving/data_plane/v2_protocol/
async def predict(self, payload: types.InferenceRequest) -> types.InferenceResponse:
# Nosso modelo espera que apenas um input seja fornecido. Caso
# seja fornecido 0 ou mais do que um, vamos retornar um erro para o cliente
if len(payload.inputs) != 1:
raise InferenceError(f"FakeRuntime supports a single input tensor ({len(payload.inputs)} were received)")
# Agora vamos ler o input (só deve existir um, depois da checagem acima)
singleInput = payload.inputs[0]
# A variável classes irá conter as classes determinadas pelo nosso modelo
classes = []
# O loop a seguir lê a entrada. Estamos esperando uma lista de strings
for txt in singleInput.data:
# Aqui é a parte "fake" do nosso modelo. Na verdade não estamos
# fazendo nada, apenas sorteando uma entre as possíveis classes
- # especificadas no JSON do "modelo"
+ # especificadas no model-settings
- classes.append(random.choice(self._model['classes']))
+ classes.append(random.choice(self.classes))
# Por fim, vamos retornar uma resposta, também seguindo o protocolo
# de inferência V2: https://kserve.github.io/website/0.10/modelserving/data_plane/v2_protocol/
return types.InferenceResponse(
id=payload.id, # o id da requisição volta para a resposta
model_name=self.name, # o nome do modelo
model_version=self.version, # a versão do modelo
outputs=[types.ResponseOutput( # aqui começa a saída
- name=self._model['output_name'], # o nome da saída também faz parte do json do modelo
+ name=self.output_name, # o nome da saída foi configurado no model-settings
shape=[len(classes)], # o shape da saída é simples. Um vetor unidimensional, cujo comprimento é o número de classes
datatype="BYTES", # o tipo da saída será string, que segundo o protocolo V2 deve ser especificado pelo tipo BYTES
data=classes) # por fim, vamos enviar as classes "previstas" (na verdade, randomicamente selecionadas)
]
)
Agora basta modificar os arquivos model-settings.json. Para o adivinhador-futuro:
Experimente executar e veja que continua funcionando como esperado. A diferença é que agora utilizamos esse parâmetro "extra" para configurar o modelo e deixar a implementação mais flexível. Em um cenário mais real, isso deixa o arquivo do modelo livre para ser utilizado pelo algoritmo de machine learning em questão.
Mas chega de brincar com modelos "fake". Vamos fazer o MLServer oferecer suporte a modelos BERT, como o classificador de sentimentos que utilizamos nos capítulos iniciais deste livro.
8.2.7 Adicionando suporte a modelos BERT no MLServer
Na pasta custom-runtimes, atualize o __init__.py para definir o nome do novo modelo que faremos. Iremos colocá-lo em um arquivo bert.py, portanto o conteúdo de __init__.py deverá ser o seguinte:
Agora vamos construir o runtime, com base no código que fizemos na Seção 2.3. Aliás, o código é bastante similar ao que já temos. Volte lá e veja como a classe Model também tem um método para carregar o arquivo e inicializar o modelo, e outro para fazer o predict. Portanto, nossa tarefa aqui não será muito complicada. Mas existem diferenças importantes:
Primeiro, faremos a configuração dos parâmetros utilizando o arquivo model-settings.json, e não mais um arquivo próprio como na Seção 2.3. Já fizemos isso na seção anterior, com a variável "extra".
Segundo, criaremos uma classe adicional para encapsular o classificador de sentimentos. Isso também já fizemos antes, basta colocar no local correto aqui.
Vamos lá, mão na massa!
Primeiro, adicione os módulos necessários ao arquivo requirements.txt:
# módulos do MLServer
from mlserver import MLModel, types
from mlserver.utils import get_model_uri
from mlserver.errors import InferenceError
# módulos necessários para o BERT
import torch
import torch.nn.functional as F
from transformers import BertTokenizer, BertModel
# módulos gerais
import json
import random
# Classe que encapsula o classificador de sentimentos
class SentimentClassifier(torch.nn.Module):
def __init__(self, n_classes, bert_model):
super(SentimentClassifier, self).__init__()
self.bert = BertModel.from_pretrained(bert_model,
return_dict=False)
self.drop = torch.nn.Dropout(p=0.3)
self.out = torch.nn.Linear(self.bert.config.hidden_size, n_classes)
def forward(self, input_ids, attention_mask):
_, pooled_output = self.bert(input_ids=input_ids, attention_mask=attention_mask)
output = self.drop(pooled_output)
return self.out(output)
# Classe do runtime BERT para o MLServer
class BertRuntime(MLModel):
async def load(self) -> bool:
# Vamos obter o caminho do arquivo do modelo
model_uri = await get_model_uri(self._settings)
# Parâmetros específicos do BERT, configurados via "extra"
extra = self._settings.parameters.extra
self.output_name = extra['OUTPUT_NAME']
self.bert_model = extra['BERT_MODEL']
self.class_names = extra['CLASS_NAMES']
self.max_sequence_len = extra['MAX_SEQUENCE_LEN']
# Carregando o modelo e configurando o classificador
self.device = torch.device("cuda:0" if torch.cuda.is_available()
else "cpu")
self.tokenizer = BertTokenizer.from_pretrained(self.bert_model)
classifier = SentimentClassifier(len(self.class_names), self.bert_model)
classifier.load_state_dict(
torch.load(model_uri, map_location=self.device)
)
classifier = classifier.eval()
self.classifier = classifier.to(self.device)
# Carregamento bem-sucedido, vamos sinalizar ao MLServer que estamos prontos
self.ready = True
return self.ready
# Método que faz uma predição
async def predict(self, payload: types.InferenceRequest) -> types.InferenceResponse:
# Checando se de fato está sendo enviado apenas um input
if len(payload.inputs) != 1:
raise InferenceError(f"FakeModel supports a single input tensor ({len(payload.inputs)} were received)")
singleInput = payload.inputs[0]
# Variável que armazenará os resultados das predições
results = []
# Para cada texto enviado fazemos o processamento
for txt in singleInput.data:
# Primeiro a tokenização e outros preprocessamentos
encoded_text = self.tokenizer.encode_plus( txt,
max_length = self.max_sequence_len,
add_special_tokens = True,
return_token_type_ids = False,
pad_to_max_length = True,
return_attention_mask = True,
return_tensors = "pt")
input_ids = encoded_text["input_ids"].to(self.device)
attention_mask = encoded_text["attention_mask"].to(self.device)
with torch.no_grad():
#Obtendo a predição
probabilities = F.softmax(self.classifier(input_ids, attention_mask),
dim = 1)
# Selecionando o resultado mais provável
confidence, predicted_class = torch.max(probabilities, dim = 1)
predicted_class = predicted_class.cpu().item()
probabilities = probabilities.flatten().cpu().numpy().tolist()
# Montando a resposta e adicionando ao array de resultados
results.append({
"original_text": txt,
"predicted_class": self.class_names[predicted_class],
"confidence": confidence,
"probabilities": dict(zip(self.class_names, probabilities))
})
# Depois que todos os textos de entrada foram processados,
# vamos montar a resposta para o MLServer
return types.InferenceResponse(
id=payload.id,
model_name=self.name,
model_version=self.version,
outputs=[types.ResponseOutput(
name=self.output_name,
shape=[len(results)],
datatype="BYTES",
data=results)
]
)
Os comentários indicam o que cada trecho de código faz. Leia-os cuidadosamente e tente entender. Para ajudar, compare com o que fizemos na Seção 2.3 e veja como as coisas são bem parecidas. Tente identificar as diferenças que aplicamos aqui, tanto no código como nos conceitos de model serving:
Configuração das classes
Configuração do arquivo pré-treinado do BERT
Carregamento inicial do modelo
O que acontece a cada predição?
Como a resposta ao MLServer é gerada?
Agora que temos um runtime BERT, vamos adicionar um modelo para ele. Crie uma pasta models/identificador-sentimentos/1.0.
Você vai precisar do arquivo pré-treinado do BERT que construímos nos capítulos iniciais do livro. Você pode baixar dessa pasta aqui, procure em "analise-sentimentos" -> "assets" -> "best_model_state.bin". Lembre-se, esse arquivo é grande. Salve-o na pasta acima.
Veja como a implementação faz referência ao runtime que acabamos de criar. Veja também como a URI aponta para o arquivo que salvamos (aquele grande). Compare com a forma como isso era feito lá na Seção 2.3. Aliás, aproveite e compare os demais parâmetros de configuração, veja como era lá e como ficou aqui.
Já podemos testar. Suba o MLServer (e aguarde, pois carregar o modelo do BERT demora). Em seguida faça um teste (a primeira execução também demora):
POST http://localhost/mlapi/v2/models/identificador-sentimentos/versions/1.0/infer
Content-Type: application/json
{
"inputs": [
{
"name": "texto",
"shape": [4],
"datatype": "BYTES",
"data": ["Que droga! Estou muito bravo, não gostei nada disso!",
"estou feliz, que legal isso",
"amo você, mas não tenho certeza",
"meh"]
}
]
}
Esse exemplo até que funcionou bem, mas lembre-se que esse modelo foi treinado com base em opiniões sobre aplicativos Android, então se as predições não funcionarem muito bem com os exemplos aqui, isso é esperado.
8.2.8 Criando um cliente GRPC
Além da facilidade na codicicação, temos outra vantagem com o MLServer, que é o servidor grpc que já vem pronto. A tecnologia grpc traz vantagens em termos de desempenho em relação ao REST, pois utiliza um protocolo binário ao invés de texto. Além disso, utiliza formatos de mensagens predefinidos, o que minimiza a ocorrência de erros decorrentes de uso errado das mensagens e formatação divergente.
A título de demonstração, vamos criar um cliente Java que consome essa API do MLServer. Esse exemplo poderia facilmente ser incorporado em um aplicativo Android, por exemplo. Além disso, serve para ilustrar a grande flexibilidade que essas tecnologias web trazem para a equipe de front-end, dando mais uma opção ao desenvolvedor sem que seja necessário implementar um novo back-end.
Mas antes, precisamos tornar a porta utilizada pelo MLServer para o GRPC disponível para nosso novo cliente que iremos construir. Modifique o arquivo compose.yaml da seguinte maneira:
Veja como estamos expondo a porta do MLServer diretamente para fora do contêiner. É possível fazer a configuração do nginx para isso, mas exige uma configuração mais demorada que não faremos aqui. De qualquer forma, seriam necessárias duas portas de qualquer maneira, uma para o GRPC e uma para o HTTP, portanto para a aplicação que faremos não teria muita diferença.
A configuração do projeto Java que faremos aqui depende da instalação do Apache Maven, além do JDK. Após instalação, execute o seguinte comando:
Esse comando irá criar um novo projeto. Serão feitas algumas perguntas. Utilize as seguintes respostas, para seguir com este exemplo:
Define value for property 'groupId': mba.ufscar.iti.eml
Define value for property 'artifactId': cadastro-produtos
Define value for property 'version' 1.0-SNAPSHOT: :
Define value for property 'package' mba.ufscar.iti.eml: :
Em seguida confirme e aguarde a criação do projeto. Uma nova pasta, chamada cadastro-produtos será criada.
Agora vamos configurar as dependências do projeto. No Maven, isso é feito modificando o arquivo pom.xml:
São muitas mudanças, mas não se preocupe se não entender todos os detalhes. Basicamente, esse arquivo é utilizado pelo Maven para compilar o projeto e gerenciar as dependências, mais ou menos uma mistura do pip do Python com make do C. Neste caso, temos as seguintes configurações básicas:
Configuração de versões do Java e dos plugins GRPC
Dependências do GRPC e seus subcomponentes
Configuração de um plugin que gera código Java a partir da especificação das interfaces "protobuf"
Esse último ponto é o que iremos abordar agora. O protocolo de inferência utilizado pelo MLServer e outros define, como já vimos, o formato de entrada e saída das requisições e respostas. Até o momento, estamos seguindo esse protocolo ao fazer as requisições usando POST e olhando as respostas que chegam.
Já o GRPC trabalha de um jeito diferente. Ao invés de confiar que os desenvolvedores vão respeitar o protocolo ao construir as requisições e respostas, o protocolo é codificado em uma especificação formal, no formato Protocol buffers (protobuf). Esse formato especifica as mensagens de maneira detalhada e inequívoca, de modo que o desenvolvedor não tem opção a não ser respeitar o protocolo. Isso torna a tarefa de produzir e consumir serviços menos propensa a erros de tipos. Além disso, facilita o versionamento e possibilita a otimização na comunicação, pois sabendo-se os tipos exatos das mensagens e suas composições, é possível codificar de maneira mais concisa as mensagens.
Em termos práticos, para o MLServer, isso significa que todos os endpoints são codificados seguindo o padrão protobuf. Isso pode ser visto na documentação, mas também no código-fonte do MLServer. Esse arquivo .proto serve como uma espécie de "contrato" entre cliente e servidor, pois é utilizado diretamente para gerar código de ambos os lados. Como o código é gerado, ele é automaticamente compatível. Claro que o código não é gerado de maneira completa. O desenvolvedor do back-end precisa fornecer a lógica dos serviços, equanto o desenvolvedor do front-end precisa de fato consumir os serviços adequadamente. Mas toda a conversão entrada/saída fica a cargo do código gerado, oferecendo assim uma garantia maior de compatibilidade.
Vamos então colocar isso em prática. O MLServer já implementa, como dissemos, o lado do servidor desse "contrato". Como estamos fazendo um novo cliente, precisamos implementar o nosso lado. Para isso, vamos copiar e colar o mesmo arquivo utilizado pelo MLServer em nosso projeto.
Crie uma pasta, no projeto, com a seguinte estrutura: src/main/proto. Dentro dela, crie um arquivo chamado MLServer.proto. Copie o conteúdo do arquivo do código-fonte do MLServer, mas são necessárias algumas pequenas modificações apenas para facilitar a integração com nosso projeto em termos de nomeação de pacotes:
syntax = "proto3";
+option java_package = "mba.ufscar.iti.eml.grpc";
package inference;
//
// Inference Server GRPC endpoints.
//
service GRPCInferenceService
{
...
O restante do conteúdo é o mesmo que o servidor (garantindo assim a compatibilidade).
Agora já podemos utilizar o Maven para gerar o código. Execute o seguinte comando (você precisa estar na mesma pasta onde o arquivo pom.xml está):
mvn generate-sources
Veja como será criada, na pasta target do projeto, o arquivo generated-sources/protobuf/grpc-java/mba/ufscar/iti/eml/grpc/GRPCInferenceServiceGrpc.java. Esse arquivo contém todo o código de comunicação com o servidor, já contendo a lógica das mensagens e os formatos estabelecidos. Veja também como o pacote foi configurado para ser o mesmo de nosso projeto, graças ao código que introduzimos no arquivo .proto.
O que precisamos fazer é utilizar essa classe em nosso cliente para fazer as chamadas.
Abra o arquivo App.java e vamos começar. Primeiro vamos fazer um código simples, que fica esperando o servidor ficar "vivo" para seguir adiante:
package mba.ufscar.iti.eml;
import java.io.IOException;
import java.net.URISyntaxException;
import java.util.concurrent.TimeUnit;
import io.grpc.ManagedChannel;
import io.grpc.ManagedChannelBuilder;
import io.grpc.StatusRuntimeException;
import mba.ufscar.iti.eml.grpc.GRPCInferenceServiceGrpc;
import mba.ufscar.iti.eml.grpc.GRPCInferenceServiceGrpc.GRPCInferenceServiceBlockingStub;
import mba.ufscar.iti.eml.grpc.MLServer.ServerLiveRequest;
import mba.ufscar.iti.eml.grpc.MLServer.ServerLiveResponse;
public class App {
private static void printBanner() {
// Vamos gerar um banner para nosso aplicativo.
// Você pode gerar um também facilmente no endereço
// https://manytools.org/hacker-tools/ascii-banner/
System.out.println("""
8888888888 .d8888b. 888 888
888 d88P Y88b 888 888
888 888 888 888 888
8888888 888 8888b. .d88888 8888b. .d8888b 888888 888d888 .d88b.
888 888 "88b d88" 888 "88b 88K 888 888P" d88""88b
888 888 888 .d888888 888 888 .d888888 "Y8888b. 888 888 888 888
888 Y88b d88P 888 888 Y88b 888 888 888 X88 Y88b. 888 Y88..88P
8888888888 "Y8888P" "Y888888 "Y88888 "Y888888 88888P' "Y888 888 "Y88P"
""");
}
// Esse é o método principal.
public static void main(String[] args) throws InterruptedException, IOException, URISyntaxException {
printBanner();
System.out.println("Abrindo canal de comunicação com o servidor...");
// Aqui fazemos a conexão, especificando endereço e porta,
// No caso é localhost:8081
ManagedChannel channel = ManagedChannelBuilder.forAddress("localhost", 8081)
.usePlaintext()
.build();
// Em seguida, obtemos um "stub", que é um objeto que vai se comunicar com o servidor
// Neste caso, estamos utilizando um "BlockingStub", que é um objeto que bloqueia a
// execução até que a resposta chegue. Existem outras versões, como a non-blocking,
// que utiliza "callbacks" para possibilitar um modelo menos travado de execução
GRPCInferenceServiceBlockingStub MLServer = GRPCInferenceServiceGrpc.newBlockingStub(channel);
try {
// O método "realizarCadastro" vai ter a lógica principal do nosso aplicativo
realizarCadastro(MLServer);
} catch (IOException | URISyntaxException | InterruptedException e) {
// Em Java, é boa prática especificar todas as exceções que podem existir
// durante a execução, e implementar um tratamento adequado
// No mínimo, deve-se fazer um log do que ocorreu, para depuração
System.out.println("Ocorreu um erro na execução");
e.printStackTrace();
} finally {
// O canal de comunicação aberto deve ser fechado antes de encerrarmos o processo
channel.shutdownNow().awaitTermination(5, TimeUnit.SECONDS);
}
}
// Aqui temos a lógica do aplicativo
static void realizarCadastro(GRPCInferenceServiceBlockingStub MLServer)
throws IOException, URISyntaxException, InterruptedException {
boolean completed = false;
// O cadastro será feito em um loop. Cada iteração irá fazer as verificações e fazer
// a predição de uma categoria de produto.
// Caso as verificações falhem, o loop retorna do início.
do {
try {
System.out.println("Verificando se o servidor está vivo...");
// A seguir fazemos nossa primeira requisição ao servidor. Estamos utilizando um
// serviço que checa se o servidor está vivo. Isso é feito através do serviço
// chamado "serverLive".
// Cada serviço tem uma mensagem de entrada e uma de saída, e isso é especificado
// no arquivo .proto. Veja lá e compare com os objetos Java que foram gerados para utilizar aqui
// Os objetos Java utilizam o padrão Builder para sua construção ser mais facilitada.
ServerLiveResponse serverLiveResponse = MLServer.serverLive(ServerLiveRequest.newBuilder().build());
if (!serverLiveResponse.getLive()) {
// Isso não faz muito sentido, pois se o servidor não está vivo ele normalmente não responde
// (ocorre timeout). Mas é assim que foi especificado no .proto, e é assim que o protocolo
// foi definido. Pode ser que haja situação em que o servidor esteja rodando mas não esteja
// apto, e aí ele vai responder.
System.out.println("Servidor respondeu que não está vivo!");
// Caso o servidor não estja vivo, vamos esperar 10 segundos e tentar novamente depois disso
Thread.sleep(10000);
continue;
} else {
// Se o servidor estiver vivo, vamos seguir em frente
System.out.println("Servidor está vivo!");
}
// Vamos sair do loop (por enquanto, depois faremos um controle disso)
completed = true;
} catch (StatusRuntimeException e) {
// Caso aconteça algum erro (por exemplo, um timeout)
// Vamos esperar 10 segundos e tentar novamente depois disso
e.printStackTrace();
System.out.println("Servidor não está respondendo...");
Thread.sleep(10000);
continue;
}
} while (!completed);
}
}
Já podemos testar. Execute o seguinte comando (no Linux as aspas não são necessárias):
Esse comando já ativa a compilação e execução da classe principal (aquela que tem o método main()). Caso o servidor esteja rodando, a seguinte saída será exibida após a compilação:
Se o servidor não estiver rodando, o aplicativo irá ficar aguardando a cada 10 segundos e tentando novamente, até que esteja respondendo.
Podemos acrescentar outras verificações, para saber se o servidor, além de vivo, está pronto, e também se o modelo que estamos interessados está pronto (não se esqueça de adicionar os novos "imports" para que este novo código funcione):
System.out.println("Verificando se o servidor está pronto..");
ServerReadyResponse serverReadyResponse = MLServer.serverReady(ServerReadyRequest.newBuilder().build());
if (!serverReadyResponse.getReady()) {
System.out.println("Servidor respondeu que não está pronto!");
Thread.sleep(10000);
continue;
} else {
System.out.println("Servidor está pronto!");
}
System.out.println("Verificando se o modelo está pronto..");
ModelReadyRequest modelReadyRequest = ModelReadyRequest.newBuilder()
.setName("classificador-produtos")
.setVersion("1.1")
.build();
ModelReadyResponse modelReadyResponse = MLServer.modelReady(modelReadyRequest);
if (!modelReadyResponse.getReady()) {
System.out.println("Servidor respondeu que o modelo não está pronto!");
Thread.sleep(10000);
continue;
} else {
System.out.println("Modelo está pronto!");
}
Tudo parece estar funcionando, então podemos de fato fazer as requisições para o classificador de produtos. O código final é este aqui:
package mba.ufscar.iti.eml;
import java.io.IOException;
import java.net.URISyntaxException;
import java.util.concurrent.TimeUnit;
import com.google.protobuf.ByteString;
import io.grpc.ManagedChannel;
import io.grpc.ManagedChannelBuilder;
import io.grpc.StatusRuntimeException;
import mba.ufscar.iti.eml.grpc.GRPCInferenceServiceGrpc;
import mba.ufscar.iti.eml.grpc.GRPCInferenceServiceGrpc.GRPCInferenceServiceBlockingStub;
import mba.ufscar.iti.eml.grpc.MLServer.InferParameter;
import mba.ufscar.iti.eml.grpc.MLServer.InferTensorContents;
import mba.ufscar.iti.eml.grpc.MLServer.ModelInferRequest;
import mba.ufscar.iti.eml.grpc.MLServer.ModelInferRequest.InferInputTensor;
import mba.ufscar.iti.eml.grpc.MLServer.ModelInferResponse;
import mba.ufscar.iti.eml.grpc.MLServer.ModelReadyRequest;
import mba.ufscar.iti.eml.grpc.MLServer.ModelReadyResponse;
import mba.ufscar.iti.eml.grpc.MLServer.ServerLiveRequest;
import mba.ufscar.iti.eml.grpc.MLServer.ServerLiveResponse;
import mba.ufscar.iti.eml.grpc.MLServer.ServerReadyRequest;
import mba.ufscar.iti.eml.grpc.MLServer.ServerReadyResponse;
public class App {
private static void printBanner() {
// Vamos gerar um banner para nosso aplicativo.
// Você pode gerar um também facilmente no endereço
// https://manytools.org/hacker-tools/ascii-banner/
System.out.println("""
8888888888 .d8888b. 888 888
888 d88P Y88b 888 888
888 888 888 888 888
8888888 888 8888b. .d88888 8888b. .d8888b 888888 888d888 .d88b.
888 888 "88b d88" 888 "88b 88K 888 888P" d88""88b
888 888 888 .d888888 888 888 .d888888 "Y8888b. 888 888 888 888
888 Y88b d88P 888 888 Y88b 888 888 888 X88 Y88b. 888 Y88..88P
8888888888 "Y8888P" "Y888888 "Y88888 "Y888888 88888P' "Y888 888 "Y88P"
""");
}
// Esse é o método principal.
public static void main(String[] args) throws InterruptedException, IOException, URISyntaxException {
printBanner();
System.out.println("Abrindo canal de comunicação com o servidor...");
// Aqui fazemos a conexão, especificando endereço e porta,
// No caso é localhost:8081
ManagedChannel channel = ManagedChannelBuilder.forAddress("localhost", 8081)
.usePlaintext()
.build();
// Em seguida, obtemos um "stub", que é um objeto que vai se comunicar com o
// servidor
// Neste caso, estamos utilizando um "BlockingStub", que é um objeto que
// bloqueia a
// execução até que a resposta chegue. Existem outras versões, como a
// non-blocking,
// que utiliza "callbacks" para possibilitar um modelo menos travado de execução
GRPCInferenceServiceBlockingStub MLServer = GRPCInferenceServiceGrpc.newBlockingStub(channel);
try {
// O método "realizarCadastro" vai ter a lógica principal do nosso aplicativo
realizarCadastro(MLServer);
} catch (IOException | URISyntaxException | InterruptedException e) {
// Em Java, é boa prática especificar todas as exceções que podem existir
// durante a execução, e implementar um tratamento adequado
// No mínimo, deve-se fazer um log do que ocorreu, para depuração
System.out.println("Ocorreu um erro na execução");
e.printStackTrace();
} finally {
// O canal de comunicação aberto deve ser fechado antes de encerrarmos o
// processo
channel.shutdownNow().awaitTermination(5, TimeUnit.SECONDS);
}
}
// Aqui temos a lógica do aplicativo
static void realizarCadastro(GRPCInferenceServiceBlockingStub MLServer)
throws IOException, URISyntaxException, InterruptedException {
boolean completed = false;
// O cadastro será feito em um loop. Cada iteração irá fazer as verificações e
// fazer
// a predição de uma categoria de produto.
// Caso as verificações falhem, o loop retorna do início.
do {
try {
System.out.println("Verificando se o servidor está vivo...");
// A seguir fazemos nossa primeira requisição ao servidor. Estamos utilizando um
// serviço que checa se o servidor está vivo. Isso é feito através do serviço
// chamado "serverLive".
// Cada serviço tem uma mensagem de entrada e uma de saída, e isso é
// especificado
// no arquivo .proto. Veja lá e compare com os objetos Java que foram gerados
// para utilizar aqui
// Os objetos Java utilizam o padrão Builder para sua construção ser mais
// facilitada.
ServerLiveResponse serverLiveResponse = MLServer.serverLive(ServerLiveRequest.newBuilder().build());
if (!serverLiveResponse.getLive()) {
// Isso não faz muito sentido, pois se o servidor não está vivo ele normalmente
// não responde
// (ocorre timeout). Mas é assim que foi especificado no .proto, e é assim que o
// protocolo
// foi definido. Pode ser que haja situação em que o servidor esteja rodando mas
// não esteja
// apto, e aí ele vai responder.
System.out.println("Servidor respondeu que não está vivo!");
// Caso o servidor não estja vivo, vamos esperar 10 segundos e tentar novamente
// depois disso
Thread.sleep(10000);
continue;
} else {
// Se o servidor estiver vivo, vamos seguir em frente
System.out.println("Servidor está vivo!");
}
System.out.println("Verificando se o servidor está pronto..");
ServerReadyResponse serverReadyResponse = MLServer.serverReady(ServerReadyRequest.newBuilder().build());
if (!serverReadyResponse.getReady()) {
System.out.println("Servidor respondeu que não está pronto!");
Thread.sleep(10000);
continue;
} else {
System.out.println("Servidor está pronto!");
}
System.out.println("Verificando se o modelo está pronto..");
ModelReadyRequest modelReadyRequest = ModelReadyRequest.newBuilder()
.setName("classificador-produtos")
.setVersion("1.1")
.build();
ModelReadyResponse modelReadyResponse = MLServer.modelReady(modelReadyRequest);
if (!modelReadyResponse.getReady()) {
System.out.println("Servidor respondeu que o modelo não está pronto!");
Thread.sleep(10000);
continue;
} else {
System.out.println("Modelo está pronto!");
}
- // Vamos sair do loop (por enquanto, depois faremos um controle disso)
- completed = true;
+ System.out.println("Tudo pronto, iniciando cadastro...");
+ // Vamos fazer a execução recorrente, até que o usuário decida parara
+ while (!completed) {
+ System.out.print("Digite a descrição do produto: ");
+ // Vamos ler a descrição do produto a partir do terminal
+ String descricao = System.console().readLine();
+ // Precisamos converter para a classe ByteString, que é a representação
+ // de dados binários do protobuf
+ ByteString descricaoBytes = ByteString.copyFromUtf8(descricao);
+ // Agora precisamos construir nossa mensagem, conforme a definição
+ // do arquivo .proto. A estrutura é a seguinte (confira lá no .proto):
+ // - ModelInferRequest: (um request)
+ // - InferInputTensor: (pode ter vários inputs)
+ // - InferTensorContents (que pode ter vários conteúdos)
+ // Para reproduzir essa estrutura, basta utilizar os "builders" das
+ // respectivas classes geradas a partir do .proto. Além dessa hierarquia
+ // vamos definir também os metadados, como o nome, shape e tipo de dados
+ // Compare com a requisição JSON equivalente:
+ // {
+ // "inputs": [
+ // {
+ // "name": "predict",
+ // "shape": [1],
+ // "datatype": "BYTES",
+ // "data": [ "boneca" ]
+ // }
+ // ]
+ // }
+ // Porém, há uma diferença: quando usamos GRPC, é necessário
+ // definir que o shape tem um tamanho equivalente ao número de bytes
+ // da string, e não a quantidade de strings.
+ // Também é necessário acrescentar um parâmetro que
+ // define explicitamente que estamos enviando uma string, e não
+ // uma lista de bytes. O parâmetro se chama "content_type", e o
+ // valor deve ser "str". Veja a seguir:
+ InferTensorContents contents = InferTensorContents.newBuilder()
+ .addBytesContents(descricaoBytes).build();
+ InferInputTensor input = InferInputTensor.newBuilder()
+ .setName("predict")
+ .setDatatype("BYTES")
+ .addShape(descricaoBytes.size())
+ .putParameters("content_type",
+ InferParameter.newBuilder().setStringParam("str").build())
+ .setContents(contents)
+ .build();
+ ModelInferRequest modelInferRequest = ModelInferRequest.newBuilder()
+ .setModelName("classificador-produtos")
+ .setModelVersion("1.1")
+ .addInputs(input)
+ .build();
+ // Agora basta enviar a requisição e obter a resposta. Como estamos
+ // utilizando um "blocking" stub, essa chamada fica esperando o retorno
+ ModelInferResponse modelInferResponse = MLServer.modelInfer(modelInferRequest);
+ // A categoria inferida vem na mesma estrutura definida no protocolo V2
+ String categoria = modelInferResponse.getOutputs(0).getContents().getBytesContents(0)
+ .toStringUtf8();
+ // A seguir temos a lógica final desse aplicativo. Nada muito complicado.
+ System.out.println("A categoria do produto é " + categoria);
+ System.out.print("Deseja cadastrar mais algum produto? (s/n) ");
+ String continua = System.console().readLine();
+ if (!continua.equalsIgnoreCase("s")) {
+ completed = true;
+ }
+ }
} catch (StatusRuntimeException e) {
e.printStackTrace();
System.out.println("Servidor não está respondendo...");
Thread.sleep(10000);
continue;
}
} while (!completed);
}
}
Agora basta fazer o teste. Execute o código novamente:
Basta digitar as descrições e obter as categorias:
8888888888 .d8888b. 888 888
888 d88P Y88b 888 888
888 888 888 888 888
8888888 888 8888b. .d88888 8888b. .d8888b 888888 888d888 .d88b.
888 888 "88b d88" 888 "88b 88K 888 888P" d88""88b
888 888 888 .d888888 888 888 .d888888 "Y8888b. 888 888 888 888
888 Y88b d88P 888 888 Y88b 888 888 888 X88 Y88b. 888 Y88..88P
8888888888 "Y8888P" "Y888888 "Y88888 "Y888888 88888P' "Y888 888 "Y88P"
Abrindo canal de comunicação com o servidor...
Verificando se o servidor está vivo...
Servidor está vivo!
Verificando se o servidor está pronto..
Servidor está pronto!
Verificando se o modelo está pronto..
Modelo está pronto!
Tudo pronto, iniciando cadastro...
Digite a descrição do produto: boneca de pano
A categoria do produto é brinquedo
Deseja cadastrar mais algum produto? (s/n) s
Digite a descrição do produto: Senhos dos anéis
A categoria do produto é brinquedo
Deseja cadastrar mais algum produto? (s/n) s
Digite a descrição do produto: Senor dos aneis
A categoria do produto é livro
Deseja cadastrar mais algum produto? (s/n) n
Da mesma forma, poderíamos fazer requisições similares aos outros modelos. Por exemplo, uma requisição para um dos modelos do dataset Iris poderia ser feita também, tomando-se o cuidado de construir a requisição e a resposta corretamente. Crie um arquivo chamado App2.java, na mesma localização que App.java:
O resultado deve ser algo parecido com o seguinte:
Abrindo canal de comunicação com o servidor...
Digite as dimensões da sépala (comprimento,largura em cm). Ex: 5, 3.4
> 5.8, 2.7
Digite as dimensões da pétala (comprimento,largura em cm). Ex: 1.5, 0.2
> 5.1, 1.9
A categoria inferida é 2
8.2.9 Considerações finais
Chegamos ao fim desta seção, que foi bastante longa, mas que cobriu uma grande quantidade de conteúdo. Fizemos a instalação e configuração de um servidor de modelos open source, e nele hospedamos modelos de diferentes tipos. O servidor de modelos não apenas tem funções para fazer inferência, mas também tem alguns serviços de verificação de saúde, o que casa muito bem com o espírito de MLOps, onde devemos manter a operação sempre sob controle. Aliás, fizemos a implantação e execução utilizando Docker, o que facilitou o gerenciamento e execução dos serviços.
Nos casos mais simples, subir um modelo é tão simples quanto copiar um arquivo e criar um descritor. Foi o que fizemos com modelos scikit learn e LightGBM, que já possuem suporte nativo no servidor que utilizamos. Outros não possuem o suporte, mas o servidor é extensível o suficiente para acrescentarmos nosso próprio runtime, o que fizemos aqui também.
Por fim, demonstramos como o MLServer expõe os serviços em HTTP API, mas também no padrão GRPC, um formato mais otimizado e que entrega maior desempenho, além de proporcionar uma maior garantia de qualidade.
Ainda há outras coisas a explorar, mas faremos isso na próxima seção. Por enquanto, revisite os exemplos e procure entender os detalhes do uso e implementação dos modelos em um servidor como o MLServer.